sexta-feira, 27 de julho de 2012

O amor não é um jornal para embrulhar peixe


«À falta de amor, o mundo deveria fazer uma requisição civil, dessas que se fazem por aí para tramar os sindicalistas. Contudo, a operação poderá vir a revelar-se difícil, porque a população civil existente pode muito bem não ser em número suficiente para suprimir tamanha carência, isto é, seria a mesma coisa do que querer ganhar dinheiro onde ele não existe. E é pena. Uma das grandes vantagens do amor, sobretudo em tempos de austeridade como esta que vivemos, é ser justamente de graça. Acho de resto muita piada às pessoas que dizem “Não há dinheiro que pague o amor que sinto por ti!”, ora com franqueza, o amor não custa dinheiro algum, “Tenho todo o amor do mundo”, pudera, então não haveria de ter, isto sendo de graça levasse tudo o que houver. No entanto, sendo gratuito, o amor é das poucas coisas no mundo que não se pode comprar. E desenganem-se os que pensam ao contrário, esses casos de prostituição sentimental que todos conhecem e que poderiam muito bem contrariar o que agora digo, pois isso é outra coisa. E essa coisa não é amor. Se calhar compraram sexo, uma companhia diária, alguém para estar consigo o tempo todo, mas nunca o amor, porque mesmo que a outra pessoa o queira de facto dar, ela saberá tão bem quanto nós, que não pode dar uma coisa que não tem. Como o dinheiro, lembram-se? Contudo, por ser de graça, é que se inventaram problemas a ele associados de forma a que nunca o subestimem e vulgarizem e o deixem no banco do autocarro tal qual um jornal que no limite serve para embrulhar peixe. O amor não é um jornal desses e mesmo gratuito não se quer ao abandono. O amor é de graça sim, mas nenhum dinheiro do mundo o poderá comprar.»

Fernando Alvim (Humorista)

terça-feira, 10 de julho de 2012

Porque não me prostituo?

         Quiçá nos tenha passado pela cabeça esta questão. Porque não me prostituo? Dinheiro rápido, dinheiro fácil, pouco tempo de “trabalho”, “desemprego”. Visto assim parece-me difícil haver uma alternativa melhor. Claro que, provavelmente, passámos mais um tempo a pensar e nos lembrámos de algumas, se não muitas, desvantagens. Mais ainda, percebemos que com o sexo, há outras coisas que se vendem. Há pedaços de alma vendidos a retalho com cada penetração sofrida, há bocadinhos de nós mesmos que são perfurados com o corpo, ficando caídos pelo chão lenços de uma limpeza rápida, sujos entre fluidos corporais e bocados de alma quebrados.
            Pois bem, a minha opinião nem chega tão longe. Se a prostituição não é uma possibilidade para mim, é porque a minha mãe não deixa. O resto são motivos mais profundos, mais difíceis e, sobretudo, com um peso tão grande, que não há palavras que os valham, só a experiência, a vivência ou proximidade da angústia da prostituição os poderá explicar. Dirão talvez que isso é um motivo parvo, usarão mesmo a etimologia desta palavra, dirão que é pequeno, de fraca força, que até é tão claudicante que nem merece referência. Quem faz o que os pais mandam? Ninguém, claro está. Não é bem assim, a verdade é que, enquanto houver uma mãe, um pai, um tio, uma prima, uma avó… que nos ame, teremos vergonha de entregarmos esta alma que eles também ajudaram a formar. Enquanto houver alguém que nos ame, não há fome, solidão, tristeza que nos desalente, pois esse alguém suportar-nos-á, caminhará connosco, mesmo que esse alguém tenha tantos problemas como nós, mesmo que ele sofra connosco, um caminho vivido no amor é um caminho que exclui a venda do outro, que não permite a corrupção da sensualidade e menos ainda da sexualidade.
            Claro que, no fim, enquanto não formos capazes de “olhar de fora” a nossa vida e a dos outros, continuaremos a olhar para o nosso umbigo a dizer “Eu não me prostituo porque não quero.” Esquecendo-nos que nunca quisemos ser quem somos, nunca escolhemos o nosso aspeto, as nossas fortalezas e fraquezas, e as opções que tomámos para sermos quem somos foram caminhos conjuntos, mesmo quando apenas nós os perscrutávamos, havia alguém que nos apoiava, caminhando atrás de nós ou ao nosso lado.

                                           Fernando Ventura (Técnico na Equipa ERGUE-TE)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Bênção da Unidade Móvel


Hoje, contamos com a presença do Bispo de Coimbra, D. Virgílio do Nascimento, para a bênção da unidade móvel.
Tem sido um processo longo e nada fácil. Mas - como diz o povo - "para grandes males, grandes remédios"... 
Obrigada, Sr. Bispo, pela simplicidade, proximidade e empenho nesta causa.






  



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nova Unidade Móvel


Mudam-se os tempos... Há que 'inventar' novos recursos e mais adaptados às necessidades.
Eis a nossa nova Unidade Móvel: maior, mais espaçosa e com outras condições para criar um espaço adequado de atendimento.